DESCONSTRUA
O SEU RACISMO

SEJA UM ALIADO DESTA CAUSA

A maioria da população brasileira é negra. Segundo o IBGE, 56% das(os) brasileiras(os) são negras(os). Apesar disso, é só olhar para os espaços de poder e de decisão para notar que essa representação não se faz presente. Faça o teste, passe os olhos ao seu redor e veja quem está em posições de liderança. Enfrentar o racismo e buscar a equidade é urgente e exige um plano coletivo.

Da criação de políticas públicas, passando por mudanças na cultura e nas estruturas organizacionais, é preciso desenvolver lideranças negras por meio de oportunidades de formação e fortalecimento ao longo de suas trajetórias e envolver lideranças brancas por meio de conexões e ações que estimulem e criem ações reais e efetivas para que essa transformação aconteça.

Desconstruir o racismo é um exercício que deve ser realizado diariamente, dos movimentos mais simples, aos mais complexos. É importante lembrar que o racismo não está presente apenas em atitudes extremas de violência física, ele se faz presente na linguagem, nos olhares, nas escolhas de palestrantes para um evento a profissionais para à equipe, na acolhida para a chegada e permanência, no não reconhecimento de outros nomes, não brancos, que trazem o saber. Ninguém quer ser visto como racista, mas negar-se ao debate é uma forma de reforçar preconceitos existentes e impedir mudanças e avanços reais pela equidade.

Motivos existem de sobra para fomentar ações que preparem lideranças negras para chegar a espaços de poder e de decisão. Por exemplo, menos de 25% das(os) deputadas(os) federais são negras(os). Ainda em âmbito político, as eleições municipais realizadas em 2020 tiveram 32% de prefeitos negros eleitos e 44% de vereadoras(es).

A sub-representação de pessoas negras é gritante também na iniciativa privada. Segundo o mesmo IBGE, menos de 30% dos cargos de liderança nas empresas brasileiras eram ocupados por pessoas negras. A situação fica ainda pior conforme a pirâmide hierárquica é escalada: menos de 5% dos postos em quadros executivos e conselhos de administração das 500 maiores empresas do Brasil são ocupados por pessoas negras.

Na esfera judiciária, o recorte racial é mais um indicador da profunda desigualdade entre pessoas negras e brancas na sociedade: de acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), menos de 20% dos magistrados brasileiros são pretos ou pardos.

Se a disparidade salarial é significativa quando se fala entre pessoas negras e brancas, o panorama é ainda pior, inclusive nesse cenário, quando raça e gênero são colocados no mesmo contexto: segundo estudo do Insper, mulheres negras recebem menos da metade em comparação com homens brancos, nas esferas pública e privada, mesmo quando têm o mesmo grau de instrução.

Ainda, se mulheres negras estão mais submetidas a trabalhos precarizados e à informalidade, além de terem sido o grupo social mais afetado pela pandemia de Covid-19, a participação delas no outro extremo da pirâmide é ínfima: apenas 0,4% dos CEOs das 500 principais empresas no país são mulheres negras.

Todos, inclusive você, temos a ganhar com a construção de uma sociedade pautada pela equidade. E apoiar ações e iniciativas diversas, como a Plataforma Alas, é uma das maneiras para atingir esse propósito.

Seja um aliado desta causa

A Plataforma Alas é composta por estratégias e editais para apoiar jovens lideranças negras em estágios diferentes das suas trajetórias.

Os líderes de amanhã devem ser formados hoje. Essa lógica é um dos nortes da Estratégia Asas, que tem como objetivo despertar o interesse de adolescentes e jovens de origem periférica no conhecimento e no exercício da liderança. Por meio de mapeamento, fomento e articulação em territórios ao redor do país, ela é voltada à potencialização de jovens estudantes com idades entre 16 e 24 anos moradores desses mesmos espaços, que estejam no Ensino Médio ou sejam recém-formados.

O projeto, que está em implementação em fase experimental no Jardim Lapena, bairro da zona leste de São Paulo, será ampliado em 2022 para ter alcance nacional. Por meio de edital com financiamento coletivo, em formato de matchfunding, a estratégia dará asas aos sonhos dos jovens negros das periferias brasileiras.

Após dar asas aos sonhos dos jovens líderes negros de origem periférica e apoiá-los nos caminhos que pretendem seguir em suas respectivas carreiras, é fundamental conectá-los a programas, projetos e cursos para formá-los.

Esse é o foco da Estratégia Elos, que é voltado à articulação entre jovens estudantes e adultos de origem periférica em busca de cursos de graduação ou preparatórios para mestrado, concursos públicos e carreiras jurídicas a instituições de excelência que atuem nessas respectivas áreas.

Ainda em 2021, a estratégia tem como objetivo intermediar o acesso a bolsas em cursos de graduação na FGV e bolsas de estudos relativas ao curso preparatório para o mestrado no Insper.

Se o primeiro passo para a formação de lideranças negras de origem periférica é dar asas aos seus objetivos, a etapa seguinte passa por, obrigatoriamente, fortalecê-las e aprimorá-las, assim como as iniciativas de impacto que elas desenvolvem nos seus respectivos territórios. Esse é o objetivo da Estratégia Caminhos. A atuação da Estratégia Caminhos é organizada por meio dos editais Traços e Elas Periféricas.

O Edital Traços é voltado a lideranças negras com idade acima de 20 anos e tem como objetivo fornecer recursos que poderão ser investidos em atividades que contribuam para as trajetórias das lideranças, como cursos de idiomas, cursos de pós-graduação, participação em intercâmbios, congressos e seminários; cursos livres que abordem temáticas relacionadas a consolidação da democracia e a superação das desigualdades, dentre outras.

O Edital Elas Periféricas é voltado à potencialização de mulheres negras que atuam em áreas periféricas e está alinhado à diretriz de fomento ao fortalecimento das organizações e das lideranças periféricas, que destaca a importância do foco em projetos que priorizem gênero, raça e território.

QUEM É NEGRO
NO BRASIL?

Mais da metade da população brasileira é negra. Apesar disso, esse grupo populacional, que é composto por pessoas pretas e pardas, está em minoria dentro de espaços de poder e decisão. Por outro lado, esse segmento populacional tem acesso reduzido a serviços básicos.

Para compreender o porquê de tamanha disparidade, que tem relação direta com o racismo estrutural no Brasil, é necessário falar sobre o conceito de raça. Em âmbito social, o termo raça é usado para identificar categorias cujas diferenças mais comuns entre si contemplam aspectos como cor da pele, tipo do cabelo e ancestralidade. No país, por exemplo, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) realiza, a partir da autodeclaração de indivíduos, a classificação populacional por meio de critérios relacionados à cor ou à raça.

Entre as cinco opções usadas pelo IBGE – preta, parda, branca, indígena ou amarela -, preta e parda compõem a população negra. É necessário pontuar também que, de acordo com o Estatuto da Igualdade Racial, o que conhecemos como população negra é composta por pessoas autodeclaradas desses dois grupos.

Essa explicação é necessária, pois as disparidades socioeconômicas e espaciais têm relação direta com marcadores raciais. A ausência de pessoas pretas e pardas em espaços de poder e decisão, seja na esfera pública ou na iniciativa privada, tem ligação intrínseca com o acesso deficitário a serviços básicos, como habitação, educação, saúde e transporte público. Isso tem influência muito grande na falta de acesso de pessoas negras a oportunidades de crescimento, retroalimentando a desigualdade sociorracial que marca a estrutura social.

Por esses motivos, apoiar a potência de pessoas negras é uma medida estratégica e fundamental para enfrentar as desigualdades existentes. Apoiar a transformação social passa pelo investimento e pela formação de pessoas pretas e pardas com trajetória periférica.

Apoio aos aliados

Além de apoiar e investir recursos na formação e no desenvolvimento de lideranças negras, você pode ser um aliado na busca pela equidade, usando o seu lugar de atuação para promover o debate, propor ações e começar um movimento que leve essa pauta para grupos nos quais você está inserido profissionalmente ou pessoalmente.

Conheça algumas organizações que oferecem consultorias voltadas à inclusão e à diversidade:

Você também pode consultar os seguintes materiais sobre o tema:

Rede Temática de Equidade Racial

Lançada em agosto pelo Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife), a plataforma da Rede Temática de Equidade Racial visa reforçar as estratégias desenvolvidas para sensibilizar e engajar de modo contínuo o campo do ISP e incentivar organizações a colocar a equidade racial no centro das suas estruturas e torná-la um aspecto fundamental em seus programas e projetos.

Política De Diversidade e Inclusão Fundação Tide Setubal

A Política de Diversidade e Inclusão da Fundação Tide Setubal tem como objetivo definir regras e compromissos que devem pautar a atuação das(os) colaboradoras(es) no combate a todas as formas de discriminação e preconceito. O documento visa ainda promover a inclusão de todas as pessoas, independentemente de raça, gênero, orientação sexual, identidade de gênero, capacidade e origem nacional ou territorial.
O material contextualiza também aspectos relativos à desigualdade exclusão, que estão relacionados à desigualdade e à discriminação de raça, gênero, LGBTQIAP+ e contra pessoas com deficiência, sobre opressão estrutural, território e inclusão de imigrantes.