O acesso da população negra ao mercado de trabalho é marcado por percalços adicionais, tanto em processos seletivos como no acolhimento em empresas, por fatores diretamente ligados às disparidades em âmbitos racial – em particular quando há intersecção com gênero – e territorial.
Nesse sentido, o terceiro episódio da nova temporada de Caminhos pela Equidade Racial, websérie da Fundação Tide Setubal, por meio da Plataforma Alas, com desenvolvimento da Bonita Produções, apresenta a importância de rever práticas de contratação. Idem repensar estruturas organizacionais e criar culturas institucionais para promoção de acolhimento e desenvolvimento de profissionais negras e negros.
Com apresentação da jornalista Adriana Couto, o programa mostra maneiras pelas quais organizações e empresas podem se reestruturar para colocar tais aspectos em prática. Assim sendo, os desafios e possibilidades para tornar possível a transição da teoria à prática são abordados pelas seguintes pessoas convidadas:
- Natalia Paiva (MOVER);
- Juliana Silva Lombardo (Instituto Unibanco);
- Consultor: Vinicius Archanjo Ferraz (Humano Capital Consultoria);
- Viviane Soranso, coordenadora do Programa Lideranças Negras e Oportunidades de Acesso da Fundação Tide Setubal.
Acesso da população negra ao mercado de trabalho em pauta
O terceiro episódio da atual temporada da websérie Caminhos pela Equidade Racial mostra, então, que contratação, estrutura organizacional e acolhimento estão interligados quando se fala em promoção da equidade racial em ambientes de organizações e empresas.
Para além da conexão entre tais aspectos, alguns pontos de destaque passam pelos requisitos que vêm à tona em processos de contratação. Um exemplo emblemático nesse sentido compreende conhecimentos em língua estrangeira, em especial o inglês. De acordo com dados do British Council, apenas 5% da população fala o idioma, enquanto apenas 1% tem fluência.
Ou seja, ao levar-se em conta diversos fatores como acesso a cursos particulares e acesso a produtos culturais relativos ao idioma, tal requisito pode retroalimentar um ciclo de exclusão profissional. Essa mesma lógica vem à tona caso não se levem em conta aspectos socioeconômicos e territoriais para qualificar o acesso de pessoas negras ao mercado de trabalho.
Além disso, uma vez contratadas, o ambiente deverá levar em conta aspectos relativos à sua trajetória. “É muito importante haver equipes de recrutamento e seleção muito bem treinadas, entendendo a subjetividade e a realidade das pessoas negras quando se fala de Brasil”, descreve Vinicius Archanjo Ferraz.
O consultor cita um exemplo aparentemente banal para destacar essa dimensão. A saber, isso compreende o acesso da população negra ao mercado de trabalho que, por restrições tecnológicas, poderá participar de uma entrevista por meio do celular.
“Essas coisas, que parecem muito ser detalhes, são muito importantes para podermos, de fato, acolher já no processo seletivo. As empresas ainda se concentram muito em ações de diversidade na fase inicial da jornada da pessoa colaboradora. Mas como podemos pensar o quanto a empresa pode contribuir para a formação daquela pessoa?”, pondera.
Respostas às perguntas
Para saber a resposta à pergunta acima, assim como sobre caminhos possíveis para ampliar o acesso da população negra ao mercado de trabalho, assista ao terceiro ao segundo episódio da websérie Caminhos pela Equidade Racial no Enfrente, o nosso canal no YouTube.
Confira também os materiais complementares disponíveis neste link. Acesse também, enfim, o site da Fundação Tide Setubal para acompanhar mais ações com foco no combate ao racismo.
Texto: Amauri Eugênio Jr.